O valuation (absurdo) do Facebook
Julio Daio Borges - do Digestivo nº 476
Mark Zuckerberg também ficou conhecido por ser “o mais jovem bilionário da História”. (Já o era aos 25 anos.) E o Facebook passou de “mais uma rede social” (em 2004) para “a” rede social (2010): The Social Network.
Hoje quase ninguém mais se lembra do Orkut, que já foi febre no Brasil. Muito menos do Friendster, a primeira de todas. E, menos ainda, do MySpace, que conseguiu seduzir até um velho dinossauro como Rupert Murdoch. O fato é que o assunto “Facebook” está à beira da exaustão – o que muitos especialistas apontam como o auge da valorização do site (antes da queda).
Além do livro e do filme, já havia sinais, desde que o Facebook ultrapassou o Google em visitação, nos EUA, atingindo, posteriormente, 500 milhões de usuários no mundo. O Twitter, que pretendia 1 bilhão de usuários, contentou-se com uma aparição no programa de Oprah Winfrey, o máximo de exposição em sua carreira, igualmente, meteórica. (E o Google tentou comprar o Twitter; e o Facebook acabou comprando o FriendFeed...)
A especulação deixa de sê-lo, contudo, quando o Goldman Sachs anuncia que vai comercializar as ações do Facebook, numa das maiores IPOs da História. E, para provar que é bom negócio, o Goldman investe do seu próprio bolso (no Facebook).
Muita gente estrilou, por dois motivos. Primeiro porque o Goldman foi “resgatado” pelo governo, durante a crise de 2008. Logo, não poderia estar, novamente, envolvido num investimento de risco (envolvendo, em última instância, o dinheiro dos contribuintes). Em segundo lugar, porque investir o próprio dinheiro (até onde esse dinheiro pode ser “próprio”) não significa muita coisa, afinal o Goldman vai lucrar muito mais, se o Facebook efetivamente for “a maior IPO da História”.
Quem lança essa tese é Douglas Rushkoff, um analista sobrevivente (desde a primeira bolha de internet, em 2000). Rushkoff não compara o Facebook com o MySpace (outro fiasco), nem com o Orkut (que só trouxe processos ao Google), nem com o YouTube ou o PayPal, valuations “recentes”, mas, sim, com a America Online.
A AOL foi, se é possível lembrar, “maior que a internet”, antes da internet. E a AOL se fundiu com a Time Warner, quando estava no auge, numa tentativa desesperada de aproveitar a onda e adquirir ativos do chamado “mundo real”. Rushkoff lembra que a fusão foi um desastre, que acabou sendo desfeita, e que Steve Case, outrora gênio da internet, teve de se contentar com aparições em eventos como os do blog TechCrunch (aliás, vendido para a mesma AOL, que subsiste...).
Toda a discussão retorna ao encontro memorável entre Jason Calacanis e David Heinemeier Hansson, da 37Signals, que encarnavam, respectivamente, o capitalismo das bolhas, “estilo” Facebook, e o “capitalismo real”, estilo “economia real”.
Hansson argumentava que valorizações estapafúrdias não ajudavam os negócios na internet, criando expectativas incomensuráveis, eternamente condenadas à frustração. Já Calacanis contra-argumentava que investidores bilionários, ou até simples milionários, queriam negócios cada vez maiores, e que as bolhas faziam, sim, parte do jogo.
Não se sabe, exatamente, quem serão os ganhadores e os perdedores, nesta rodada, mas as apostas, no Facebook, já giram em torno de 50 bilhões de dólares...
Comentário: Matéria extraída do www.digestivocultural.com, ilustra bem a fase pós-moderna da nossa história - em que nos temos deixado levar por um narcisismo oco, hedonismo inútil, cosumismo sem jeito, em afã de encontrar saída para tantas contradições e problemas diversificados, alguns dos quais se apresentam quase sem-saída -, que é sinônima do desumanismo famoso 'sem noção'.
Mas nossa aplicação amorosa confraternal e boa vontade ética nos devem livrar dos tantos riscos despropositados em que nos metemos... Tomara que brevemente possamos rir das tantas apreensões que nos acometem hoje, salvos que teremos diso pela criatividade vital maravilhosa, nossa característica fundamental!
Julio Daio Borges - do Digestivo nº 476
Mark Zuckerberg também ficou conhecido por ser “o mais jovem bilionário da História”. (Já o era aos 25 anos.) E o Facebook passou de “mais uma rede social” (em 2004) para “a” rede social (2010): The Social Network.
Hoje quase ninguém mais se lembra do Orkut, que já foi febre no Brasil. Muito menos do Friendster, a primeira de todas. E, menos ainda, do MySpace, que conseguiu seduzir até um velho dinossauro como Rupert Murdoch. O fato é que o assunto “Facebook” está à beira da exaustão – o que muitos especialistas apontam como o auge da valorização do site (antes da queda).
Além do livro e do filme, já havia sinais, desde que o Facebook ultrapassou o Google em visitação, nos EUA, atingindo, posteriormente, 500 milhões de usuários no mundo. O Twitter, que pretendia 1 bilhão de usuários, contentou-se com uma aparição no programa de Oprah Winfrey, o máximo de exposição em sua carreira, igualmente, meteórica. (E o Google tentou comprar o Twitter; e o Facebook acabou comprando o FriendFeed...)
A especulação deixa de sê-lo, contudo, quando o Goldman Sachs anuncia que vai comercializar as ações do Facebook, numa das maiores IPOs da História. E, para provar que é bom negócio, o Goldman investe do seu próprio bolso (no Facebook).
Muita gente estrilou, por dois motivos. Primeiro porque o Goldman foi “resgatado” pelo governo, durante a crise de 2008. Logo, não poderia estar, novamente, envolvido num investimento de risco (envolvendo, em última instância, o dinheiro dos contribuintes). Em segundo lugar, porque investir o próprio dinheiro (até onde esse dinheiro pode ser “próprio”) não significa muita coisa, afinal o Goldman vai lucrar muito mais, se o Facebook efetivamente for “a maior IPO da História”.
Quem lança essa tese é Douglas Rushkoff, um analista sobrevivente (desde a primeira bolha de internet, em 2000). Rushkoff não compara o Facebook com o MySpace (outro fiasco), nem com o Orkut (que só trouxe processos ao Google), nem com o YouTube ou o PayPal, valuations “recentes”, mas, sim, com a America Online.
A AOL foi, se é possível lembrar, “maior que a internet”, antes da internet. E a AOL se fundiu com a Time Warner, quando estava no auge, numa tentativa desesperada de aproveitar a onda e adquirir ativos do chamado “mundo real”. Rushkoff lembra que a fusão foi um desastre, que acabou sendo desfeita, e que Steve Case, outrora gênio da internet, teve de se contentar com aparições em eventos como os do blog TechCrunch (aliás, vendido para a mesma AOL, que subsiste...).
Toda a discussão retorna ao encontro memorável entre Jason Calacanis e David Heinemeier Hansson, da 37Signals, que encarnavam, respectivamente, o capitalismo das bolhas, “estilo” Facebook, e o “capitalismo real”, estilo “economia real”.
Hansson argumentava que valorizações estapafúrdias não ajudavam os negócios na internet, criando expectativas incomensuráveis, eternamente condenadas à frustração. Já Calacanis contra-argumentava que investidores bilionários, ou até simples milionários, queriam negócios cada vez maiores, e que as bolhas faziam, sim, parte do jogo.
Não se sabe, exatamente, quem serão os ganhadores e os perdedores, nesta rodada, mas as apostas, no Facebook, já giram em torno de 50 bilhões de dólares...
Comentário: Matéria extraída do www.digestivocultural.com, ilustra bem a fase pós-moderna da nossa história - em que nos temos deixado levar por um narcisismo oco, hedonismo inútil, cosumismo sem jeito, em afã de encontrar saída para tantas contradições e problemas diversificados, alguns dos quais se apresentam quase sem-saída -, que é sinônima do desumanismo famoso 'sem noção'.
Mas nossa aplicação amorosa confraternal e boa vontade ética nos devem livrar dos tantos riscos despropositados em que nos metemos... Tomara que brevemente possamos rir das tantas apreensões que nos acometem hoje, salvos que teremos diso pela criatividade vital maravilhosa, nossa característica fundamental!
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