Lucas e Lya namoraram na infância e adolescência. Namoro inocente com vistas para o futuro.Prometeram-se quando aconteceu a separação, na continuação dos estudos, em cidades diferentes e distantes. Alimentavam as promessas nas cartas trocadas, assiduamente.
Passou um tempo.A distância não apaga sentimentos, mas provoca o resfriamento, desliga.
Lucas conheceu uma morena, envolveu-se sentimentalmente, e engravidou-a. Motivo suficiente para um casamento reparador. Filho é vínculo suficientemente forte para mudar destinos, principalmente numa época castradora e tradicionalista.
Lya continuou sua vida.Tornou-se uma executiva de vida próspera, fugiu de novos compromissos, e ficou invulnerável à paixão.
Duas décadas depois, o casamento de Lucas já desgastado foi concluído pelo divórcio.
Reencontrou Lya por acaso, numa viagem de folgas, e enfim, conversaram sobre o passado, sobre o amor que sentiam, sobre tudo que os separaram. Não houve culpados. O entendimento foi fácil.Resolveu-se por um recomeço, com o restauro das esperanças e planos perdidos.Ela o havia esperado todos aqueles anos. Nunca deixara de amá-lo, e isso o deixou comovido, em dívida, no sentido de devolver-lhe um sonho perdido.Reuniriam suas vidas, quando conseguisse transferência para a cidade de Lya.
Enquanto esperava a transferência, conheceu Vera.
Atração fatal.Ela parecia incorporar uma cigana, figura que habitava outros planos, e que o amava desde muitas e muitas vidas.Vera mexia com sua alma e os seus sentidos. Existia entre eles algo inexplicável, que aos poucos os tornava carne e unha.
Com o destino traçado pelo dever, decidiu em não ferir Lya pela segunda vez.Renunciou ao amor que sentia por Vera e entregou sua sorte à companhia de Lya. Tiveram um filho que deu objetivos àquela escolha.
Importara-se com a realização pessoal daquela mulher, que fora fiel a um sentimento antigo.
Não sei se foram felizes, mas presumo que, no mínimo, foram grandes amigos.
O casamento segundo não lhe roubou a liberdade de conviver com os amigos, e fazer as coisas que lhe davam prazer.Na realidade parecia em certos momentos, um homem solteiro.Nesta condição, buscou em outras mulheres a cigana que o apaixonava.Quem sabe, seria o seu amor de alma?
A cigana conseguia manifestar-se apenas através de Vera, mas Vera também existia, e firmava sua importância amorosa.
Onze anos depois decidiram ficar juntos de fato.Lya estava ressarcida de um amor frustrado.Era uma pessoa madura, especial e, sobretudo sábia.Conduziria sua vida com serenidade.
Justo naquele momento, a cigana para não perde-lo para mais uma mulher, chamou-o para o seu domínio. É lá onde hoje habita.Como será, nem imagino!
Vera deixou de ser uma ameaça, um amor personificado, na vida de Lucas.
Sofreu cruelmente a dor da perda.Encarou o luto por muitos anos, e reverenciou a lembrança daquela figura querida.
É comum no plano terreno, o desencontro amoroso.
A felicidade é rara, embora possa ser construída, quando o casal é consciente da sua missão como parceiros de vida.
Não existem triângulos amorosos, união por conveniência, que resistam...
Vera enfim, reconheceu num grande amigo, Pedro, sua alma gêmea.
Derramaram sentimentos.Declararam amor urgente, e apostam na construção de uma felicidade duradoura.
O amor de Vera é Pedro.
O amor de Lya foi Lucas.
E quem foi o amor de Lucas?
Lya, Vera, a cigana que existia nas duas?
Só Deus sabe. O fim deste conto está na eternidade.
*Ficção
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